quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O blog da Vivo em Noz

Queremos produzir local e consumir local.
Livrar-nos deste mau hábito de ir a um Ecomarché francês, de comer laranjas da África do Sul ou carne da Argentina. Claro está: custa-nos mais o petróleo que transporta que o produto que se come. E no meio disto tudo ficam a perder os trabalhadores (os locais de cá e os locais de lá - tudo explorado) e o ambiente (pelo combustível tornado vapor, pelos mares sujos, pelas monoculturas, etc...), e nós! que estamos neste embrulho e comemos coisas que amadurecem pelo caminho, que são enxurradas de pesticidas e que nunca podemos ter a certeza da forma como foram produzidas.

Aqui vamos plantar do bom e do melhor, tentar estar na vanguarda em termos de produtos, sabores e saúde e prometemos não colocar quaisquer aditivos químicos. Apostamos em variedades locais - e acreditamos que quando surgem na terra nos trazem nutrientes que precisamos nessa época (gordura dos frutos secos no outono, vitamina C da laranja no inverno, água com a melancia no verão... etc. Tem lógica. né?), mas também queremos aprender sobre novas variedades.
Produtos orgânicos, frescos, cultivados na sua própria época, de acordo com o seu próprio tempo de maturação.

Neste blog tem acesso a informações sobre produtos do seu cabaz.
Para que serve tal chá, para que serve tal erva e em que é que é boa de se colocar.
O que é aquele bróculo que não conhece, ou porque é que a tal cenoura está mais avermelhada...

Pode confiar.
E se quiser - nós gostávamos - venha-nos mesmo visitar!

Nós na horta, tantos nós no mundo, noz em S. Pedro.



Este é o nosso terreno. A nossa futura horta. Em S. Pedro do Rio Seco.

S. Pedro fica no Portugal (infelizmente) abandonado e (incompreensivelmente) desvalorizado. No distrito da Guarda, no concelho de Almeida, 5km a norte de vilar Formoso.
Portanto, na Raia. E esperemos que também na raia da mudança.



Porque isto anda tudo um grande caos, porque o futuro está incerto e cabe-nos a nós delineá-lo. Porque o preço do petróleo sobe a pique e a dependência da Europa, do Estado, e de tantos factores externos começa a não fazer sentido. Porque estamos a destruir tanto... Que há que parar. E pensar.
Disse uma vez um senhor "sabe qual é o problema dos jovens? Não se curvam à terra..."
Ai que fez sentido. Baixemos à terra então. Que prazer e felicidade dá um dia na horta. Pássaros por todos os lados, abutres e milhafres lá no alto, água fria nas mãos, vento fresco, terra boa. Terra mãe. Baixemos então.

E não é o que faz mais sentido? Produzir local, com variedade e qualidade, com trocas e solidariedade, com organização e cooperativismo. Pois desengane-se quem nos vê tontos sonhadores - pois somos sábios pensadores e bem trabalhadores. Que o que nos faz falta -Mesmo falta - está mesmo aqui ao lado. São os tais 4 Aas:
Abrigo,
Água,
Alimentação,
Amor.

Ui, que século de tonterias (como nos pega a Espanha aqui ao lado), de futilidades e irreflexão.
E agora, pais nossos, que é do XXI? Quem nos vai governar se não não há mais por onde estragar?

Voltemos à terra então.
Às pessoas que nunca a largaram e que tanto têm para partilhar.
Ao que nós somos e que por aqui resiste às americanices.
Ao vento, aos regatos, aos chás curativos e à sustentabilidade intrínseca.

E que bem que sabe.